O Moleque Ricardo

By José Lins do Rego

About the writer (from Goodreads):

José Lins do Rego Cavalcanti (July three, 1901 in Pilar Paraíba - September 12, 1957 in Rio de Janeiro) was once a Brazilian novelist such a lot recognized for his semi-autobiographical "sugarcane cycle." those novels have been the root of flicks that had distribution within the English talking global. in addition to Graciliano Ramos and Jorge Amado he stands as one of many maximum regionalist writers of Brazil. in keeping with Otto Maria Carpeaux (Brazilian literary critic), José Lins used to be "the final of the tale tellers". His first novel, Menino de Engenho ("Boy from the plantation"), was once released with hassle, yet quickly it obtained praised by means of the critics.

Sobre o livro:

Nascido no Engenho Santa Rosa, no inside de Pernambuco, o “moleque de eito” Ricardo tinha poucas perspectivas de ascender na vida. Aos sixteen anos, inconformado com seu destino, ele make a decision fugir para Recife e começar uma nova vida longe da roça.

Na capital pernambucana, Ricardo consegue encontrar um emprego. Porém mais do que trabalhar em troca de um salário, suas novas experiências incluem a descoberta do amor e da militância política. No entanto, o que parecia uma porta para a liberdade acaba em tragédia, com a prisão do rapaz na Ilha de Fernando de Noronha.

Primeiro romance de José Lins do Rêgo escrito em terceira pessoa, O moleque Ricardo tem um distinctiveness cunho político. A trajetória do negro de engenho que busca uma nova vida na cidade, sem sucesso, reflete a lógica da cultura nordestina de que o trabalhador “alugado” tem melhor condições de vida do que o proletário urbano.

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Nos primeiros dias de Recife, chorava nestas ocasiões. Nunca mais soubera notícias dos seus. Perguntava ao condutor se não vira gente do engenho na estação. O patrão dava notícias de longe, como se quisesse adormecer nele as suas saudades. Ricardo servia bem, dez mil-réis por mês, roupa lavada e comida. Para que notícias do engenho mexendo com ele? Um dia parece que para lhe fazer medo o condutor lhe disse: — O coronel hoje veio seasoned Recife. Não sei por que o negro dormiu naquela noite com vontade de ver o coronel. Vontade somente. No ultimate de contas ele não tinha raiva do velho. Gritava demais, mas desde que nascera que os gritos do velho, as ordens, os chamados eram daquele jeito. Gritava por tudo. Ricardo se insurgia. Estava ele brincando com atenção para qualquer cousa sua, quando o grito estrondava chamando por ele. Não sei por que naquela noite ele teve vontade de ver o coronel. Nascera para ser menor que os outros. Em pequeno vivia pela sala com os senhores lhe ensinando graça para dizer. Os meninos brancos brincavam com ele. Mais tarde viu que não valia nada mesmo. Só para o serviço, para lavar cavalos, rodar moinho de café, tirar leite. Negro period mesmo bicho de serventia. Andava pelo mato, espetando os pés atrás do gado. Em casa Mãe Avelina botava jucá e pronto. Não se falava mais nisto. E no entanto, quando Carlinhos ralava o joelho na calçada, corria gente de todo canto da casa. Davam água fria ao menino por causa do susto e passavam pedaço de pano pela ferida. Ricardo só podia sentir essas cousas. Ele tinha uma alma igual à dos outros. E sabia mesmo fazer tudo melhor. E apesar disso, quando o outro crescesse, seria dono, e ele um alugado como os que through na enxada. Não tinha raiva de Carlinhos por isso, mas sentia inveja, vontade de ser como ele, de andar de carneiro e poder comprar gaiola de passarinho, de não ter obrigação nenhuma. O que aprendeu num ano que passou na escola, nada lhe valia. Deu somente para lhe abrir uma brecha para o mundo, para a vida. Ninguém passaria por aquela brecha tão estreita. Ali em Recife pelo menos um dia poderia ser alguma cousa. Não queria muito. Se lhe ensinassem um ofício, podia fazer um pedaço. Ouvia falar de pedreiros ganhando 12 mil-réis. Ali pela rua do Arame, não havia oficina por onde se metesse nas horas que nada tivesse para fazer. Quem sabe se ainda não mandaria chamar a mãe e os irmãos? Então, botaria todos na escola. Avelina bateria roupa para alguma família de perto, as irmãs mais velhas aprenderiam a engomar e Rafael, com mais pace, entraria para a aula. E todos viveriam felizes. A família inteira como as famílias felizes da rua do Arame. Ele somente queria que a sua fosse como aquela do alfaiate Policarpo. A mulher bem boa, duas filhas e três meninos indo para a escola bem-lavados e bem-vestidos. E eram negros como ele. Ninguém through dona Noca falando de ninguém. As meninas dela de tarde botavam cadeiras na porta e o velho lá dentro na máquina costurando os ternos que vinham cortados da cidade. As moças iam à missa com dona Noca aos domingos e seu Policarpo saía para esticar as pernas pelo sol afora.

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